as
saudades que doem
estão
inscritas no que não vivemos
dolorosas
imensas
são também as outras
o
capinzal ardendo
as
águas a caírem do alto da fraga
a
terra que nem é vermelha mas semelha sangue
essa
terra seca
tão
seca que era a terra antes das chuvas
as
saudades doem
o
telhado de zinco em noites de lua
o
ruído da água
nunca
mais ouvirás um ruído de chuva como ouviste nessas noites d' África
as
saudades ardem
"Ficarás
marcado pelo fogo da terra"
dizia-me
assim o preto velho sem dentes na fala
o
fogo da terra embebido no sangue da gente
marca
do gado das imensas manadas
a
saudade é sabre entre pele e carne
vinagre
escorrido em unha de bitacaia
uma
doença
um
mal de peste
esta
saudade que fica
não
te livras dela
nunca
te sai da pele
do
sangue
da
alma
2 comentários:
Uma saudade muito forte e muito bem descrita!
Beijos
É isso. Fiquei com lágrimas nos olhos.
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